O James
Um certo ex-garoto de programa chamado James (namorado de um Jamie) em sua banheira brincando com seu próprio pênis. Ele se enxuga, posiciona sua câmera de vídeo e resolve fazer um boquete em si mesmo. Essa imagem será editada junto de várias outras para compor uma produção com muita representatividade.
Severin, a Dominatrix
Havia em um quarto uma dominatrix que nunca teve uma relação de verdade, com uma forte dificuldade de se relacionar sentimentalmente com as pessoas. Ela é amante das artes (quer estudar, mas não tem grana) e adora fotografar com uma Polaroid e fazer intervenções com um canetinha nas fotos. Seu sonho é casar, ter gatos, e provavelmente ter uma vida mais normal, ela chama-se Severin, mas adoraria chamar-se Jennifer Aniston.
A Dominatrix faz seu serviço corriqueiro, o de dar uma gostosa surra em seu cliente:
Cliente: -Você pode descrever seu ultimo orgasmo?
Severin: -Foi ótimo.Foi como se o tempo parasse e eu estivesse completamente sozinha.
Ele ejacula, e o sêmen voa bem longe... em um quadro! Entre cores que lembram um tal Jackson Pollock.
Cliente: -Você se sente triste depois?
Severin: -Sim
Cliente: Por quê?
Severin: Porque o tempo não parou. E eu não estava sozinha.
A Doutora Lin
Ela é sino-canadense e uma terapeuta sexual de casais, mas prefere ser chamada de conselheira e não terapeuta. Ela coloca o kamasutra inteiro em prática quando está com seu parceiro, mas... não consegue chegar ao orgasmo. Ela é pré orgasmica , e pode agir com violência.
Ceth
Ele é bonitinho, extremamente vaidoso, é modelo, canta bem, toca violão e procura diversão. Ela adora o Jamie e o James e até se arrisca a fazer sexo com os dois.
Todos no Shortbus! Vai encarar?
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|Shortbus |
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Imagine um club meio marginal em Nova York, com portas grafitadas, paredes vermelhas, velas decorativas, uma iluminação primorosa, varias cortinas, repleto de artistas, pessoas alternativas e outras não tão alternativas assim.
O club chama-se ShortBus, um pequeno ônibus para dotados e desajustados, onde as pessoas se inclinam e deixam entrar o novo e o velho, bem diferente das pessoas impermeáveis e insanas, ali os freqüentadores não tem medo de mostrar o próprio corpo.
Um maitre circula pelo lugar com sua bandeja, oferecendo camisinhas, lubrificantes, biscoitos, e pipoca com maconha.
O Shortbus possui vários ambientes. Um salão de shows que tem apresentações burlescas, ventríloquos, e performers. Você também pode encontrar uma banda com vocalistas que cantam penduradas de cabeça para baixo em um trapézio.
Também existe um salão de sexo, com uma iluminação caprichada, onde as pessoas podem fazer e fazem sexo entre colchões e travesseiro. A sala é repleta de voyers que buscam inspiração para escrever, ou apenas admirar o ato sexual alheio. Ali há videomakers registrando tudinho sem medo de serem felizes. É como nos anos 60, porém com menos esperança.
A sala das vaginas é para as mulheres, é claro. Ali elas podem trocar idéias ou algo mais, com tranquilidade. Discutem sobre o que sentem quando alcançam um orgasmo, é ali na salinha que elas fazem esses tipos de confissões:
Para uma garota, o orgasmo a faz sentir emanar energia criativa que se encontra com a energia dos outros, e não tem espaço para guerra, só paz. Para outra, o orgasmo traz a sensação de que ela está conversando com os deuses.
As pessoas costumam assistir filmes juntas no Shortbus, documentários sobre Gertrude Stein (uma escritora intima de Picasso, Matisse, Hernest Hemingway entre outros artistas e escritores), por exemplo.
Os freqüentadores também gostam de se deleitar vendo vídeoartes. Daquelas em que as pessoas ficam entediadas, e quanto mais entediadas elas ficam mais elas acreditam que são inteligentes por assistirem. Elas se acabam de rir vendo esta:
Short bus e um espaço que pode abrigar um ex-prefeito de Nova York , portador de HIV com seu marca passo no coração, ou uma garota de programa.
É o ponto de encontro de James, Jamie, Severin, Ceth, Sofia Lin, e muitos outros personagens.
Não se animem ta? É filme!
Se você não tem medo de se deparar com um vibrador em formato de ovo com controle remoto, poligamia, pessoas cantando o hino nacional em quanto fazem sexo, discussões sobre orgasmos, e situações que parecem um tanto quanto bizarras, assista.
Um filme com uma direção de arte muito bem feita, calcada no erotismo (onde até a estatua da liberdade é representada de forma mais... erotizada). Possui um apelo artístico, musical, político e sexual que se misturam, e resultam em um filme primoroso e interessantíssimo, cheio de referencias e bem crítico.
A trilha sonora é viciante, super "indie folk rock jazz" com artistas e bandas como Anita O’Day, Yo La Tengo, The Ark, Animal Collective, John LaMonica, Sook-Yin Lee, Scott Matthew e Jay Brannan (os três últimos não aparecem somente na trilha mas atuam no filme. O Jay Brannan e a Sook-Yin Lee possuem maior destaque) que nos embalam com qualidade do início ao fim do filme.
Shortbus não discute apenas bloqueios sexuais, discute as limitações humanas, relacionamentos, aceitação de nós mesmos e das outras pessoas como elas são, a sinceridade que devemos ter com a “permeabilidade” e a “impermeabilidade” das pessoas.
O orgasmo de uma mulher pode ser a representação da intensidade da vida, amor, diferenças, atração, e prazer. Mas também pode ser um coagulo entre o cérebro e o clitóris, que deveria ser uma placa mãe conectando energia de todo o mundo. Que toca a todos e conecta todo o mundo em busca da conexão e direção certa, um mundo de diversão que necessita de uma forte comunicação, tão forte que faz até outras energias (como a elétrica) oscilarem.
Os participantes das cenas orgásticas aparecem nos sextras e não extras do filme, o diretor John Cameron Mitchell e os cinegrafistas ficaram nus durante as filmagem de tais cenas.
Uma obra que se mantém atual, com uma produção que envolveu todo o elenco no processo de criação do roteiro, com leveza e bom humor (que aparece nas situações inusitadas e em diálogos bem inteligentes).
Short Bus é a cara da urbanidade!
So! Enjoy it
shortbus é um filme-lugar em que pode-se apenas ''ser''. quando o assisti pela primeira vez senti a frase acima, perguntando a mim mesmo se lugares assim ainda são possíveis nas cercas nacionais - e pessoais -... bom ter lido o seu texto.
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