Mais uma mini crônica de Manolo Ramires
Dizem que Curitiba é pequena. Do tamanho de um chapéu. Que nela é difícil se esconder. Pior para quem deseja aprontar ou sacanear alguém. Com certeza você será pego, visto/flagrado/denunciado/confrontado. Sempre levei a sério essa informação. A considerei de cara quando me mudei pra cá. Respeito ela muito mais após longos anos de vivência, de encontros e desencontros.
Curitiba não é tão grande. Suas abas são curtas. E nem a comparo com São Paulo, onde um morador de Perdizes, lá da rua Turiaçu, jamais será encontrado na Radial Leste, ou um frequentador da Oscar Freire será flagrado com facilidade na 25 de Março. Tampouco comparo Curitiba a cidades pequenas como Ventania, com sua rua principal, e olhe lá. Mas Curitiba segue com seu tamanho reduzido. Encolhida porque as suas rotas de fuga sempre levam aos mesmo lugares. Essa é sua grande peculiaridade. Suas fugas são veredas.
Então, se não dá pra se esconder, melhor é se mostrar. Não dando a tocata, sugiro a sonata. Aí Curitiba é o máximo. Ela possui lugares ideais pra ser visto em lazer (Barigui), em festa (Avenida do Batel), em consumo (Shopping), em intelectualismo (Teatro Guaíra, Tetro Positivo e MON), entre outros. Basta escolher o figurino e deixar-se ser desvendado. E foi o que eu testei. Aproveitei o domingo. Deixe-me flagrar com um novo chapéu Panamá estilo Tom Jobim. Abas longas. Fui lá na praça de alimentação do Mercado Municipal. Pimba!, uma pequena volta e fui surpreendido. Um amigo veio ao meu encontro e sentenciou: “Tá usando chapéu pra esconder a careca”. Putz, não era isso que gostaria de ouvir. Esperava elogios ao aspecto Bossa Nova e curiosidade sobre as cachaças que comprara. Mineiras, paranaenses, cariocas? Mas o amigo viu o que estava camuflado. Desvendou-me. Me sacaneou: “´Tá escondendo a careca”! E, após conselhos sobre filtro solar e penteados simuladores , partiu a me exibir a bela família que se construíra. Ele sim sabia se expor. Afinal, ele é político...
É, dizem que Curitiba e minha calvície cabem num chapéu. E que a última é impossível esconder.
Manolo Ramires blog
hahuahau muito bom!
ResponderExcluirCuritiba realmente é como um ovo e uma calvicie!
Uma honra ter os contos do Manolo no Rubrica!