segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia das mulheres e Mini crônicas

Para estrear duas de suas mini crônicas ilustram o dia da mulher

O ministério da Prudência adverte: cuidado com o avanctis dionisius

E lá vem o Rubrica, jornalismo cultural abrangente agora com mais uma pitadinha de literatura.
A partir de hoje o Rubrica passa a contar com a colaboração do cronista Manoel Ramires, que posta também no blog in parana
Vou contar uma história no tom daqueles e-mails que são encaminhados tipo corrente, que passam de caixa em caixa eletrônica tal qual moeda de um real. Esta narração é verídica. Ela me foi passada pelo professor da academia enquanto o rádio tocava Cold Play. Sua história é destinada às moças recém-viúvas de seus namorados e aos país que ficam de orelha em pé. Ele me disse que é preciso tomar muito cuidado com vinhos e Ferrero Rocher. É uma mistura belicosa, que geralmente termina na cama. Ou melhor, que ingênuo não somos, numa sacanagenzinha rápida no carro. A técnica é engenhosamente simples, segundo o instrutor. Chega a ser científica. Sempre testada, nunca falhou, disse um que ouviu do outro. O método consiste em a) conhecer ou se aproximar de uma garota recém-traída ou abandonada; b) convidá-la pra sair; c) ser gentil. Até aí tudo do trivial. O pulo do gato está na despedida. O rapaz toca o já mencionado Cold Play. Isso desperta a memória afetiva da garota, que fica com mais raiva do ex-namorado. O próximo passo é pedir para que abra o porta-objetos. Pronto, lá estão o vinho, as taças (creio que não quebradas) e o bombom Ferrero Rocher. Depois disso é empirismo...
Portanto, fica o alerta. Pais, neste fim de semana olhem o porta-objetos alheios e saquem suas filhas desses rapinas. Moças, ao entrarem no carro, finjam procurar papel higiênico e abram o recipiente. Chequem mesmo. E estando lá, boa sorte.



Por um Épico árabe

Avisto uma morena linda numa biblioteca. Rosto fino. Nariz retangular e longo. Boca pequena. Olhos profundamente negros e cílios grandes. Negros também. Sua sobrancelha é fina. Sua face é muito simétrica. Uma morena linda entre livros. Cabelos lisos, compridos e escuros. Faltou-lhe apenas um headband nas franjinhas. Mas não faltou elegância ao vestir-se de preto e ostentar discreto decote. Sua ascendência deve ser árabe. Talvez tenha um pé na Espanha de Castela ou em Portugal de Aragão. Família formada lá pela época dos mouros, de origem Almóada. Ou será uma representante Nasrida expulsa pelos Reis após a Rendição de Granada? Fugitiva dantes das grandes navegações. Período que trouxe miscigenações e mulheres lindas para cá. Será o caso desta? Está entretida. Muito fascinada. Sua fina mão apoia o bicudo queixo. Está séria. Como se pensasse em ouro. Como se planejasse novas formas para vender lenços de seda e narguilés. Não pode. É jovem demais para isso. Talvez 22 anos. Tem um caderno a sua frente. É estudante. Que seja de comércio exterior ou relações internacionais. É interessante. Está concentrada na leitura. Suspeito que analisa as vantagens do Brasil negociar com Irã. Temos empreiteiras lá. Eles compram muita carne nossa. Mas vale a pena vender arroba atômica? Deve apontar este aspecto na aula. Está comprometida. Lê! E demoradamente. O assunto é ardiloso. Percebo que volta a página. Foca o olhar num canto. A testa tenciona. É o ponto-chave. Não esboça mais nada. Fecha a obra. Apenas uma revistinha da Turma da Mônica.

bloginparana

Manolo Ramires

Um comentário:

  1. Gostei bastante da sua narrativa seniore Ramiro Manolo, na verdade, me entusiasmou bastante o fato de você dá sabor histórico a mulheres de sombrancelhas afiladas entretida a livros. Muito fascinante. Aguçou minha imaginação afeminada. Você seduziu uma descendente de espanhóis aqui. Quem não foi fã da Magali na vida.

    ResponderExcluir